en-PORTUGAL: A nossa grande matéria-prima!!!! por Rui Alberto Silva


Formador, escritor, investigador, Rui Alberto Silva é responsável pelos conteúdos didáticos e educacionais da ISO-SEC.
Hoje é dia de Portugal!!!
Mas também é o dia em que, mais uma vez, mais um ano, lançamos a rúbrica na página da ISO-SEC "Opiniões e Expressões".
No ano passado surgiu então, a ideia, de criarmos um espaço onde os nossos alunos e formadores, nos meses de verão, publicassem os seus textos, opiniões e expressões sobre as mais diversas temáticas no contexto das "áreas de saber" e de atividade formativa da ISO-SEC.
Foi um sucesso!
Tivemos textos brilhantes, ainda hoje referência, e o nosso público não se cansou de ler, partilhar e elogiar. Os números que recebíamos das redes sociais e de acessos ao nosso site eram prova inquestionável da abrangência dos textos dos nossos autores.
Foi um sucesso e nada nos deixou mais satisfeitos!
Por isso, este ano, como é obvio, decidimos repetir!
Até finais de Setembro, todos os sábados, pela manhã, nas redes sociais e no vosso e-mail, estará um texto "fresquinho" sobre um tema, uma experiência, uma vivência, de alguém da família ISO-SEC.
Desde já convido todos, mas TODOS mesmo, se tiverem ideias, experiências, partilhas, que as coloquem em texto e as enviem para geral@iso-sec.pt.
Será com todo o gosto que os analisaremos e publicaremos (se cumprirem os nossos critérios de publicação).
E o lançamento desta iniciativa, desta rubrica, não podia ser num dia mais simbólico: o dia de Portugal.
Porquê?
Porque muito e tanto se discute sobre qual será o futuro de Portugal, quais serão os rumos para a nossa economia, quais as áreas de atividade que nos trarão a tão sonhada riqueza e prosperidade...
Discutem-se políticas e estratégicas, vem dinheiros da Europa, quase uma nova época Joanina, prometem-se investimentos em empresas e indústrias.
Tudo isto é falado e apregoado gerando muitas discussões, opiniões e... esperanças!
Mas há algo em que, acho, todos concordamos: há uma "matéria-prima", um "ingrediente" imprescindível para todas estas oportunidades, todo este investimento, todas estas estratégias, mecanismos e políticas surjam efeito: O CONHECIMENTO.
Sem conhecimento, solidamente adquirido e validamente consolidado, não há evolução, não há progresso, não há prosperidade.
Sem quem faça, nada se faz, sem quem realize nada acontece, sem quem empreenda nada se consuma.
Concordo que tudo começa com o sonho, com a idealização, com a ideia.
Mas não podemos confundir a partida com a chegada, o arranque com o final, o primeiro passo com o destino alcançado, conquistado, adquirido.
E o que transforma o sonho em realidade, a idealização em feito, a ideia em ato é precisamente o conhecimento, a ciência.
Mas para que haja conhecimento e ciência, para que haja quem saiba fazer, realizar, empreender, para que as coisas se concretizem, se efectivem e originem progresso, objetivo e riqueza é necessário ensino, aprendizagem e formação.
Por isso, neste dia de Portugal e de todos os Portugueses espalhados por esse mundo, recordo todo o conhecimento que foi necessário para dar "mundos ao mundo", que tudo começou por essa ideia genial e completamente inovadora do Infante Dom Henrique de criar a "Escola de Sagres" e nela reunir o que melhor se sabia, na época, em termos de cartografia, navegação, orientação, navegabilidade e ciências náuticas.
Mas também todo o conhecimento que o Infante mandou recolher aos estaleiros de Vila do Conde na construção de naus ágeis, mas resistentes, leves mas sólidas; o conhecimento da navegação à bulina dos pescadores das Cachinas e Viana; a perceção das correntes dos homens do mar da Póvoa de Varzim e de Moledo.
Portugal fez-se Império pela junção, partilha e união do conhecimento, da ciência, do saber, vindo do sábio mas também do artesão, com origem no doutor mas também no marinheiro, porque todos os Seres Humanos tem, em si, parte do saber da humanidade porque, simplesmente, dela fazem parte.
E com este conhecimento posto em prática, quilhas às ondas e velas aos ventos, fomos e conquistamos, descobrimos, conhecemos e, aí também ensinamos, e também aí aprendemos.
Portugal, este nosso Portugal, antes de mais e primeiro que tudo, é o país do conhecimento e só deixamos de ser Império, só deixamos de sermos grandes quando confundimos a partida com o destino, a causa com efeito, o propósito com o objetivo.
Só deixamos de ser quem somos e passamos da dianteira dos inovadores para a cauda dos subservientes quando deixamos de procurar, de inventar, de conhecer, de descobrir, de inovar. Como escrevia o nosso grande Eça de Queirós, n'Os Maias, "Aqui importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, estilo, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssimo, com os direitos de Alfândega: e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas..."
Por isso a todos apelo, neste dia da minha Pátria amada: vamos ser grandes de novo, e, para isso, basta sermos nós próprios, basta que voltemos a ser o povo irrequieto, corajoso e inconformado que enfrentou o mar sem fim e o horizonte de lonjura; o povo que ia com o medo no estômago, mas com a esperança no olhar, com a saudade no coração mas com coragem na alma.
Basta que voltemos a ser nós.
E para isso cá estou e cá estamos.
A ISO-SEC e tantas outras empresas, eu, os nossos formadores e tantos outros educadores, cada um dando pouco, mas dando o que tem, cada um contribuindo quase nada, mas contribuindo com o que sabe, e, assim, pouco a pouco, nada a nada, o tudo voltará a ser nosso.
Nas próximas semanas terão, todos os sábados, fragmentos desses poucos, migalhas desses nadas, mas que, são, afinal, aquilo que nos voltará a trazer a glória, o orgulho e a grandeza de sermos Portugal.