O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS PROFISSIONAIS DE PROTEÇÃO CIVIL por Pedro Borrego

21-08-2022

Pedro Borrego é Fisiologista do Exercício e desenvolve a sua atividade como Personal Trainer

É treinador de Taekwondo, e detém a graduação de 3º Dan, com mais de 20 anos de prática de artes marciais

Mestre em Exercício e Saúde.

Licenciado em Educação física e Desporto.

Afinal, até que ponto a condição física de todos os que trabalham em Proteção Civil, em especial os envolvidos na Reação e Resposta a Emergência tem de ser um fator central na sua atividade?

Até que ponto tem de se promover, encorajar e criar condições para que os nossos operacionais estejam em boa forma física?

Porque afinal... não basta querer, tem que se poder!

Pedro Borrego, formador ISO-SEC na área da Fisiologia do Exercício aborda este tema com frontalidade e lucidez.

O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS PROFISSIONAIS DE PROTEÇÃO CIVIL

Por: Pedro Borrego

A atividade física e o exercício físico desempenham um papel fundamental na nossa saúde, a que os profissionais de proteção civil não estão alheios, já que é fundamental possuir uma condição física adequada à missão que desempenham.

Uma prática desportiva regular apresenta inúmeros benefícios a diversos níveis, tais como a redução do risco de doenças crónicas, a redução dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, prevenção de lesões músculo-esqueléticas e articulares, a melhoria das funções cardiovasculares e respiratória, a diminuição da morbilidade e da mortalidade.

Uma prescrição física adequada para este tipo de profissionais, deve ter em vista a manutenção da condição física e a promoção da saúde, e deve ter como base um programa de treino de força e condição física geral, baseado em movimentos funcionais, por ser o que mais se aproxima das atividades realizadas durante as suas intervenções.

Assim, é urgente mudar paradigmas e preconceitos neste universo relativamente ao exercício físico. Estes profissionais devem otimizar as suas competências físicas, e apresentar uma boa aptidão física, muito por força das características do seu equipamento de proteção individual, que, em alguns casos, chega a pesar aproximadamente 30 kgs, e exerce no corpo humano diversas alterações a nível fisiológico, o que exige destes profissionais altos níveis de força, potência, velocidade e agilidade para cumprir as missões a que estão sujeitos nas complexas e exigentes áreas de operações, salvaguardando desta forma, a sua integridade física, principalmente ao nível da prevenção de lesões (o que pode implicar incapacidade temporária ou permanente para o trabalho) e a dos que deles dependem, já que este tipo de profissionais, têm uma maior propensão para contrair lesões músculo-esqueléticas, devido à falta de preparação prévia para o movimento, vulgo aquecimento, pela incerteza do trabalho que vão desenvolver.

Estes profissionais estão sujeitos diariamente a altos níveis de stress, quer físico, quer psicológico, que implicam que, para além do seu humanismo e vontade de servir o próximo, estejam preparados para superar qualquer desafio, e que detenham diferentes capacidades físicas, das quais podemos destacar uma boa capacidade de resistência cardiovascular e respiratória, força e resistência muscular, coordenação e que sejam rápidos, ágeis e flexíveis, uma vez que, desempenham as suas funções em ambientes distintos, que estão constantemente a mudar, que na maioria das vezes não apresentam condições de segurança, desde, incêndios, transportar equipamentos pesados, subir escadas, percorrer distâncias variadas, aceder a locais de difícil acesso, ter resistência a esforços prolongados, quer para transportar ou arrastar vítimas, quer para derrubar, cortar, subir ou escavar, como acontece em situações de catástrofes e a exposição a agentes de risco.

Assim, urge mudar comportamentos, institucionalizar e uniformizar neste universo, uma cultura para a prática regular de exercício físico, até porque, para além da profissão, também fazem parte da sociedade (são homens e mulheres) e devem ser um exemplo a seguir. Porque, estes profissionais têm que estar preparados para qualquer situação, e embora trabalhem em equipa, o auxílio ao próximo, ou, até mesmo a sua sobrevivência, pode estar dependente das suas capacidades físicas individuais. A prática regular de exercício físico por parte destes profissionais, vai traduzir-se num maior cuidado com a sua saúde e bem estar, levando de uma forma geral, a um fortalecimento do espírito de grupo, integração e coesão, resultando num melhor desempenho da corporação.


Referencias bibliográficas

Almeida, J., Parrulas, J. & Velez, S. (2015). Educação Física e Desportos vol. XVIII. Manual de Formação Inicial do Bombeiro. Escola Nacional de Bombeiros. ISBN: 978-972-8792-33-6. 1.ª edição: outubro de 2015;

Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição/American College of Sports Medicine. (2014). Tradutora: Dilza Balteiro Pereira de Campos. - 9. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara. Tradução de: ACSM'S guidelines for exercise testing and prescription, ISBN 978-85-277-2616-0;

Glassman, G. (2015). O Guia de treinamento Crossfit . Crossfit Journal;

Website: https://www.portalcrossx.com/post/o-crossfit-na-vida-e-rotina-dos-bombeiros. Acedido em 18/07/2022;

Website: https://menshealth.pt/fitness/prova-fogo-treinam-bombeiros/118730/. Acedido em 18/07/2022;