REFLEXÃO SOBRE A GESTÃO MODERNA DA CATÁSTROFE por Acácio J J Peres

Engenheiro Civil de Formação o "nosso Engenheiro" como é conhecido na ISO-SEC é já uma referência incontornável na Gestão de Emergência e Catástrofe, em especial nas áreas de Planeamento e Recuperação e Reconstrução.
Titulado com O High Degree em Gestão de Emergência e com Post-Master em Gestão de Catástrofes e Crises Humanitários o Acácio Peres é dos mais graduados e brilhantes formadores do corpo docente da ISO-SEC tendo atingido, este ano, o grau de Formador Coordenador no sistema da UNSS.
Uma Catástrofe é um evento que põe em causa toda uma sociedade, todo um modo de vida, toda uma estabilidade que, hoje, os nossos cidadãos, tem como certa e inabalável.
Embora inevitáveis as catástrofes tem de ser geridas, actualmente, de forma a que, no mínimo espapaço de tempo se devolva a normalidade às populações afetadas.
É precisamente sobre esta gestão, como deve ser efetuada e implementada que reflete o Acácio JJ Peres.
REFLEXÃO SOBRE A GESTÃO MODERNA DA CATÁSTROFE
Por: Acácio JJ Peres
"Catástrofe é um evento que põe em causa a capacidade de uma comunidade, independentemente do número de indivíduos e área geográfica afetada, de responder e recuperar de uma Emergência, utilizando os seus próprios meios."
É um evento híper complexo, completamente dependente do sucesso das missões e das operações, mas também do rigor e da assertividade das fases de Planeamento e Gestão; e acima de tudo, da capacidade dos seus executores.
Depende do empenho, do saber, do engenho, da capacidade administrativa e gestora, e da vontade de todos os que trabalham a Gestão de Catástrofes.
Saber o que será feito, como será feito, onde será feito, quando será feito, por que será feito, quanto custará e por quem será feito... é o que garante o sucesso e permite que tudo faça sentido, quando em causa estão tão nobres e primordiais princípios como o salvar vidas e o salvar património.
Mas, ...
... e se perante uma determinada catástrofe, os Gestores forem também vítimas e ficarem impedidos de dar o seu contributo?
Estará a nossa comunidade, a nossa sociedade, a nossa nação, preparada para esta realidade?
Os mais críticos decerto serão impelidos a avançar com as mais variadas opiniões universalmente aceites:
... que está tudo devidamente previsto;
... que o planeamento foi definido e teve o acompanhamento de uma equipa multidisciplinar devidamente capacitada para o desafio;
... que os planos estão devidamente atualizados;
... que todos os documentos, planos, orientações, despachos, diplomas, estão devidamente aprovados;
... que perante todos, foram tidas em consideração as melhores práticas de gestão; estando as mesmas assumidas e assimiladas, treinadas, exercitadas, e que serão implementadas, tendo em consideração os ensinamentos mais doutos desde o preconizado por Henri Fayol até aos nossos dias;
... que os três níveis do planeamento (Estratégico/Tático/Operacional) estão devidamente interligados, devidamente entrosados, que foram definidos em conjunto, e permitem assumir que cada nível fornece um constante suporte aos demais, estando estruturados e implementados de forma sequencial e não isolada; em suma, todos os envolvidos colaboram para o mesmo fim;
... que todos são substituíveis.
Mas, será mesmo assim?
Por muito que me custe admitir e assumir, a realidade é dura e antagónica, e nada consentânea com este adormecimento coletivo.
Os últimos acontecimentos locais e globais impõem uma reflexão e uma subsequente mudança drástica de pensamentos, posturas e procedimentos.
Quais são as entidades, as organizações, os administradores, os gestores atuais, que formam, instruem, exercitam, treinam as suas organizações, os seus colaboradores, os seus trabalhadores, os seus pares, para responder perante a variável: incerteza?
As lacunas, as incógnitas, as boas vontades, são muitas, mas...
Seja ao nível do planeamento, da gestão, da contratação, da produção de documentação, da divulgação.
Seja ao nível da preparação dos novos gestores.
Seja ao nível da ...
A realidade é completamente diferente.
Permitam-me relembrar que: Gerir catástrofes é manter a vida administrando o incerto!
Se continuarmos adormecidos.
Se nada fizermos.
No limite, e por muito que nos custe, podemos vir a ser confrontados com a dura realidade: a gestão da catástrofe pode depender exclusivamente daqueles que tenham somente vontade própria.
Mas tal, não pode chegar!
... Espero que não!
Muitos tendem a afirmar que todos somos substituíveis!
Em gestão de catástrofes, a minha consciência não me permite concordar com este princípio, quando analisado à génese do que está subjacente a esta função, à formação profissional e pessoal, às competências, à experiência pessoal e profissional de cada um, e de todos.
Primeiro que tudo, devemos questionar-nos e tentar responder a uma simples questão: quanto custa substituir "aquele determinado gestor" [profissional]?
Será moralmente aceitável?
Será legítimo, sem perda de potencial positivo para a sociedade?
O capital humano e o perfil profissional devem ser valorizados em associação à função.
Devemos exigir a todos uma dúvida existencial contínua própria.
Devemos exigir um compromisso verdadeiro e despido de boas vontades ilusórias.
Todos os Gestores devem realizar autoavaliações e avaliações.
Devem continuar ou simplesmente abandonar a função? Acima de tudo, devem ser verdadeiros e sinceros consigo próprios e com aqueles que condicionam, conduzem, ou simplesmente convivem.
Devemos exigir aos Gestores que paralelamente à resposta urgente de colmatação das necessidades mais urgentes da população afetada, sejam implementados processos que façam a diferença, que aproveitem as oportunidades de mudança e potenciem a colaboração participativa de todos.
Paralelamente as entidades, as organizações, devem refletir sobre a sua visão, a sua missão, os seus objetivos; em suma, avaliar se devem somente existir ou se devem perpetuar algo mais, algo mais nobre.
Não obstante.
Devem ser lançadas bases para novos e mais ambiciosos processos de desenvolvimento das organizações, das comunidades e das populações.
A história ensinou-nos que em contexto de Emergência e Catástrofes, a gestão deve ser: abrangente, progressiva, integrada, coordenada, flexível, orientada para o risco, colaborativa e profissional.
Permitam-me a ousadia de acrescentar que a gestão [Emergência e Catástrofes] também deve ser acima de tudo, HUMANA.
Os gestores devem primeiro que tudo, proteger a Vida Humana, em todas as circunstâncias, por todos os meios, independentemente da área geográfica, raça, género, credo, cultura ou tendência política.
E é dever sagrado de todos aqueles que trabalham na Gestão de Catástrofes proteger as populações contra tudo o que ponha em causa a sua vida, a sua saúde, a sua segurança, a sua DIGNIDADE.
É-nos exigido pelo nosso ADN, pela nossa essência humana, que a nossa passagem por este Mundo, deixe uma pegada positiva e contributiva para a evolução da nossa espécie.
Devemos permitir e garantir o contínuo perpetuar das gerações.
... e dar a Todos aquilo que há de mais precioso e nobre: um futuro!
Referencias bibliográficas
Introdução à Gestão de Catástrofes e Crises Humanitárias do Post-Master em Gestão de Catástrofes e Crises Humanitárias - ISO-SEC - Scientific Press Corporation Limited - 2020;
Peres, Acácio (2020). Plano estratégico para a Gestão de Catástrofes. ISO-SEC - SCIENTIFIC PRESS CORPORATION LIMITED.